Ética: bússola moral
A bússola foi o instrumento mais importante da época dos descobrimentos, permitindo que navegadores desbravassem o mundo. É um instrumento de navegação e orientação cuja agulha magnetizada, apoiada sobre o plano horizontal e suspensa por seu centro de gravidade, gira livremente, estabilizando-se sobre o eixo norte-sul geográfico e apontando o lado destacado da agulha sempre para o norte magnético.
A ética é como uma bússola moral, um instrumento que nos indica a direção correta a seguir. A ética fica alojada em algum ponto entre nosso cérebro e nosso coração. Podemos eventualmente tentar ignorá-la, mas ela mora lá.
O princípio de funcionamento da bússola e da ética é o mesmo: seus indicadores apoiam-se sobre seu centro de gravidade (ou seja, a posição onde ficam em equilíbrio, nem mais para lá nem mais para cá), permitindo que suas agulhas girem com liberdade, avaliando todas as direções possíveis antes de tomar uma decisão. A agulha ficará estabilizada quando apontar na direção certa. Caso as agulhas caiam de seu eixo de apoio, tanto a bússola dos navegadores quanto a bússola moral perderão a possibilidade de girar livremente, e não apontarão mais na direção indicada. Liberdade no percurso, portanto, é também um requisito importante em ambos os casos.
Similarmente, para os dois mecanismos de navegação é preciso esperar algum tempo até que as agulhas girem, pensem, avaliem, dêem voltas e por fim decidam o curso final. Mas elas chegarão lá, eventualmente.
Em situações críticas, ao refletirmos sobre qual é a decisão ética a ser tomada, é natural que ocorram dúvidas sobre o melhor, o mais adequado, o mais correto. É certo que existem diferenças culturais entre as sociedades, o que também deve ser levado em conta. Olhar para fora de si e buscar comparações apenas em maus exemplos (o que parece tão comum hoje em dia) trará invariavelmente o questionamento: mas se tantos por aí fazem o que bem entendem, enganando, ludibriando, agindo deliberadamente contra as regras e as legislações, por que é que eu deveria agir com ética? Vou ser um otário, enquanto todo mundo “se dá bem”?
Já diz um sábio ditado turco: “Não importa quão longe você foi no caminho errado. Volte para trás”. Portanto fica aqui o conselho, e a conclusão deste brevíssimo ensaio: quando chegar em uma encruzilhada, e a dúvida se apresentar, posicione bem sua bússola moral (a ética), espere sua agulha girar, e enxergue o caminho indicado. O norte geográfico do planeta terra e o caminho ético têm ambos uma direção só.